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No Dia Mundial Sem Tabaco, pneumologista do Corpo Clínico do HCC ressalta os malefícios do cigarro

31/05/2018

A Organização Mundial da Saúde (OMS) promove, em 31 de maio, o Dia Mundial Sem Tabaco. Engajado na campanha, portanto, o Hospital de Caridade de Carazinho apresenta, nesta publicação, uma entrevista com a médica pneumologista de seu Corpo Clínico, Dra. Bruna Medeiros, na qual são ressaltados os malefícios do cigarro.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco é responsável pela morte de mais de sete milhões de pessoas por ano, em todo o mundo, sendo que mais de seis milhões delas são resultado de seu uso direto, enquanto cerca de 890 mil são de não-fumantes expostos ao fumo passivo.

Diante desses índices alarmantes, com o intuito de alertar a população quanto aos malefícios do cigarro, a entidade promove, em 31 de maio, o Dia Mundial Sem Tabaco.

Engajado na campanha, portanto, o Hospital de Caridade de Carazinho apresenta, nesta publicação, uma entrevista com a médica pneumologista de seu Corpo Clínico, Dra. Bruna Medeiros, na qual, são ressaltados os danos e as doenças que as substâncias contidas no tabaco podem ocasionar aos fumantes e às pessoas que os cercam. Confira:

P: Quais são os principais malefícios do tabaco para o organismo humano?

Dra. Bruna: A fumaça do cigarro é composta por mais de 4 mil substâncias tóxicas, acarretando muitos danos ao organismo, alguns imediatos e outros que irão provocar problemas a longo prazo. A pressão arterial e a frequência cardíaca se elevam, ocorre vasoconstrição e redução do fluxo sanguíneo nos tecidos, lesão da camada interna dos vasos (endotélio), aceleração do processo de aterosclerose, redução da oxigenação no sangue e demais tecidos e dano celular devido à produção de radicais livres. As vias aéreas são agredidas por estas substâncias, o que leva à perda da atividade dos cílios presentes nas mucosas, que deixam de eliminar as secreções adequadamente - com o dano constante, ocorre perda da capacidade pulmonar, muitas vezes irreversível. Além disso, existem mais de 40 substâncias cancerígenas presentes no cigarro.

P: Que doenças o uso do cigarro pode ocasionar?

Dra. Bruna: O cigarro é responsável por mais de 90% dos casos de DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, caracterizada pelo enfisema pulmonar e bronquite crônica. É fator de risco importante para doença coronariana (angina, infarto) e doença cerebrovascular (AVC), assim como para doenças do trato digestivo como gastrite, esofagite e  úlceras. Quanto ao risco de câncer, está associado principalmente ao câncer de pulmão - pessoas que fumam tem risco 20 vezes maior de desenvolver este tipo de câncer quando comparados a não fumantes. Também se associa a câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, bexiga e colo de útero, entre outros. Além disso, o cigarro pode levar à impotência sexual e infertilidade.

P: Ele pode levar a morte?

Dra. Bruna: Sim, pois leva ao desenvolvimento de muitas doenças graves como as citadas acima. Um fumante vive, em média, dez anos a menos que um não fumante. Estima-se que, no Brasil, 200 mil óbitos por ano estejam associados ao tabagismo.

P: O organismo consegue se restabelecer depois que a pessoa para de fumar?

Dra. Bruna: Alguns danos causados pelo tabaco podem ser irreversíveis, mas existem muitos benefícios na cessação do tabagismo. Em alguns meses já podem ser observados benefícios na circulação. Parar de fumar é uma das únicas medidas capazes de reduzir a mortalidade de pacientes com DPOC. O principal benefício se observa após 15 anos, quando estima-se que o risco de desenvolver câncer de pulmão seja semelhante ao de quem nunca fumou.

P: O consumo do cigarro prejudica também o núcleo familiar – fumantes passivos?

Dra. Bruna: Os fumantes passivos estão expostos às mesmas substâncias tóxicas que o fumante inala, em quantidades extremamente elevadas. A fumaça que sai da ponta do cigarro se difunde em ambientes fechados e contém mais nicotina, monóxido de carbono e cerca de 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça inalada diretamente pelo fumante. Sendo assim, fumantes passivos apresentam risco de desenvolvimento das mesmas doenças que os fumantes ativos. Quando crianças são expostas, apresentam risco de infecções respiratórias e de exacerbações de asma. Filhos de mães que fumaram durante a gestação ou no período neonatal apresentam risco elevado de desenvolver asma e outras doenças respiratórias.

P: Você percebe aumento ou redução do consumo de cigarro nos últimos anos?

Dra. Bruna: Algumas medidas de saúde pública, como o aumento dos impostos sobre o cigarro, limitação da publicidade e proibição do tabagismo em locais fechados, além do maior acesso à informação e conhecimento sobre os malefícios do tabaco, colaboram de forma expressiva para a redução do consumo de cigarro no Brasil nos últimos anos. Essa tendência positiva se observa especialmente na população jovem, que está experimentando cada vez menos e mais tarde, sendo esta população o principal alvo das campanhas, afinal a maioria dos fumantes adquire o hábito na adolescência ou início da idade adulta.

P: Há uma faixa etária ou gênero em que você percebe mais casos de doenças relacionados ao tabaco?

Dra. Bruna: Como grande parte das doenças graves causadas pelo tabaco é decorrente de danos que se acumulam ao longo do tempo, a maioria dos pacientes irá desenvolvê-las após alguns anos de exposição. No entanto, fatores genéticos também interferem no desenvolvimento de doenças como DPOC e os mais diversos tipos de câncer. Esta predisposição individual faz com que muitas vezes pessoas que fumaram menos ao longo da vida desenvolvam estas doenças, enquanto alguns tabagistas pesados não sejam afetados de forma tão intensa. Quanto ao gênero, apesar do tabagismo ser mais frequente em homens do que mulheres, nos últimos anos essa diferença vem ficando cada vez menor e sabe-se que os efeitos nocivos do cigarro podem se manifestar de forma mais intensa no sexo feminino. Mulheres começam a fumar mais cedo, na adolescência, e tem maior dificuldade de parar. Cada vez mais mulheres estão sendo diagnosticadas com câncer de pulmão, reflexo ainda de um período onde fumar era considerado "glamouroso".

P: Quais as recomendações para quem deseja parar de fumar?

Dra. Bruna: O principal é ter motivação para parar de fumar e procurar ajuda, que inclui auxílio médico e psicológico, individual ou em grupos de apoio à cessação do tabagismo. Nestes momentos a colaboração da família e amigos também é importante e muitas vezes é preciso modificar a rotina para evitar ambientes e situações que propiciem o fumo. São necessárias estratégias para que o paciente resista ao desejo de fumar e aprenda a viver sem o cigarro - criar novos hábitos, como praticar exercícios físicos, ter uma alimentação saudável e evitar hábitos que despertem a vontade de fumar, como o consumo de bebidas alcoólicas, por exemplo, são atitudes essenciais. O tabagismo é uma doença de dependência à nicotina e tem tratamento. O tratamento medicamentoso e a reposição de nicotina, através de adesivos e gomas de mascar, por exemplo, podem ajudar de acordo com cada caso, devendo ser orientados por profissionais qualificados.

P: Qual a importância das campanhas de conscientização, como a do Dia Mundial sem Tabaco?

Dra. Bruna: Campanhas como o Dia Mundial Sem Tabaco são importantes para trazer mais informações à população a respeito de todos os malefícios do tabagismo, motivando pacientes a procurar ajuda para parar de fumar e também prevenindo o início do hábito do tabagismo, especialmente entre os jovens.


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