No Dia Nacional de Controle da Asma, pneumologista do HCC esclarece dúvidas sobre a doença
Em 21 de junho, comemora-se o Dia Nacional de Controle da Asma. Envolvido na campanha e com o intuito de informar a população sobre os sintomas, a prevenção de crises e o tratamento da doença, o Hospital de Caridade de Carazinho apresenta, nesta publicação, uma entrevista com a médica pneumologista de seu Corpo Clínico, Dra. Silvia Chiodelli Senger.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a asma afeta 235 milhões de indivíduos globalmente – índice que pode subir para 400 milhões em 2025. Estima-se, ainda, que três em cada 10 brasileiros vivam com a doença e que, no país, três pessoas morram por dia em virtude de suas complicações, conforme informações da Iniciativa Global Contra a Asma – GINA Brasil.
Devido à relevância do tema, em 21 de junho, comemora-se o Dia Nacional de Controle da Asma. Envolvido na campanha e com o intuito de informar a população sobre os sintomas, a prevenção de crises e o tratamento da doença, o Hospital de Caridade de Carazinho apresenta, nesta publicação, uma entrevista com a médica pneumologista de seu Corpo Clínico, Dra. Silvia Chiodelli Senger. Confira:
P: O que é a asma?
Dra. Silvia: A asma é uma doença inflamatória, geralmente de causa alérgica, que atinge as vias aéreas. As crises de asma provocam contração dos brônquios e bronquíolos, reduzindo o calibre das vias respiratórias e causando dificuldade para respirar. O paciente tem episódios de melhora e piora ao longo da vida, conhecidos como ‘crises’.
P: Quais são as causas da asma?
Dra. Silvia: Em geral, a asma está relacionada com uma resposta alérgica a agentes externos como ácaros, vírus, poeira, pelos de animais, pólen, mofo, entre outros. Contudo, a causa da asma não é totalmente conhecida. As crises são desencadeadas por uma combinação de fatores ambientais e genéticos específicos para cada pessoa.
Dentre os fatores que desencadeiam a asma ou bronquite alérgica, como também é conhecida, estão as alergias, infecções (gripes, resfriados, sinusites), mudanças de temperatura, odores fortes, fumaça, esforço físico, emoções, medicamentos, alimentos, refluxo gastroesofágico e alterações hormonais.
Crianças com pais que possuem asma tem uma predisposição a desenvolver a doença, mas isso não é regra, já que ela não é contagiosa.
P: A asma pode piorar no inverno?
Dra. Silvia: No inverno a asma tende a apresentar mais episódios de descompensação, devido ao aumento do número de infecções respiratórias que acontecem nessa época. Além disso, o ar frio provoca broncoespasmos, que é a diminuição do calibre dos brônquios, favorecendo as crises.
P: Quais são os sintomas da asma?
Dra. Silvia: O principal sintoma da asma é a falta de ar e a sensação de que ele não chega até o pulmão, porém outros sintomas podem aparecer durante uma crise, tais como, tosse seca em acessos com piora à noite; chiado no peito e aperto no peito. Os sintomas normalmente aparecem quando ocorre a exposição aos fatores de risco que desencadeiam a crise.
P: Como é feito o diagnóstico da doença?
Dra. Silvia: O diagnóstico da asma é clínico, através dos sinais e sintomas que o paciente apresenta. Porém, o exame de Espirometria é fundamental para confirmar o diagnóstico clínico, avaliar o grau da doença e serve para guiar o tratamento preventivo em longo prazo e acompanhar a evolução da asma. A espirometria mede a capacidade pulmonar e o grau de inflamação dos brônquios, assim como a resposta ao broncodilatador.
P: Como fazer a prevenção?
Dra. Silvia: Evitar exposição à fumaça do cigarro durante e após a gravidez; evitar os fatores de risco como exposição ao pólen, poeira, cheiros, fumaças; se a pessoa apresenta sintomas alérgicos aos animais de estimação, recomenda-se que eles sejam afastados do ambiente domiciliar.
P: A asma tem cura?
Dra. Silvia: A asma não tem cura, tem controle. Mesmo não tendo cura, o tratamento permite o controle da doença, fazendo com que o paciente leve uma vida normal. O importante é diminuir a inflamação dos brônquios com o tratamento preventivo, dessa forma, a evolução tende a ser muito positiva.
Durante a vida, a asma pode “dormir”, desaparecendo os sintomas, mas é importante lembrar que ela também pode “acordar”. O paciente portador de asma terá sempre a predisposição, ou seja, mesmo ficando sem sintomas por vários anos, pode, em algum momento da vida, voltar a apresentá-los.
P: Como é o tratamento para a asma?
Dra. Silvia: Por ser uma doença sem cura, o tratamento da asma é em longo prazo. Ele é baseado no uso do medicamento indicado pelo médico e em medidas para evitar a exposição aos fatores de risco, como poeira, fumaça e pólen.
Existem duas formas de tratamento, o preventivo e o de alívio. O tratamento preventivo tem como objetivo controlar a inflamação brônquica e deve ser realizado a longo prazo para evitar as crises de asma e permitir que o indivíduo tenha uma vida normal. Atualmente, o tratamento da asma é realizado por meio de corticoides inaláveis. Apesar dos mitos que rondam o medicamento, ele é altamente seguro. São doses pequenas que praticamente não possuem efeitos colaterais. Já o tratamento com broncodilatadores aliviam os sintomas das crises. Preferencialmente as medicações devem ser inalatórias, pois alcançam as vias aéreas diretamente, evitando efeitos colaterais ao corpo.
O exercício físico melhora a função cardiovascular, respiratória e muscular. Com o asmático não é diferente, porém, a doença precisa estar controlada para a prática da atividade física.
P: Qual a relação da alimentação com a asma ?
Dra. Silvia: Manter uma dieta saudável e rica em antioxidantes pode auxiliar no combate aos sintomas e reduzir crises de asma, além de melhorar a função pulmonar. Isso inclui ingerir porções variadas de vegetais e frutas todos os dias.
É importante apostar, também, em alimentos ricos em ácido graxos ômega 3, como salmão, atum e linhaça. Por outro lado, deve-se evitar os alimentos processados e ricos em carboidratos, pois a gordura trans pode agravar a asma e outras condições de saúde.
Vários estudos tem demonstrado a relação da vitamina D com a asma, pois os altos níveis dessa substância estão relacionados a um menor índice de hospitalização.
Porém, em casos de pessoas com alergia alimentar, a ingestão de certos alimentos, como laticínios, pode agravar um quadro de crise devido a um aumento na inflamação das vias aéreas. Por isso, o paciente precisa conhecer seus gatilhos e conversar com seu médico antes de adotar qualquer medida de tratamento.
P: A doença pode evoluir para quadros mais graves?
Dra. Silvia: A asma mata. A asma é uma doença muito prevalente e, na maioria dos casos, tem controle com medicações, no entanto, se o paciente não levar a sério o seu tratamento, pode evoluir à morte.
Uma crise de asma pode levar à morte devido ao bloqueio que provoca nas vias aéreas, dificultando a respiração e a oxigenação dos órgãos do corpo. Sem tratamento, a asma pode tornar irreversível esse bloqueio das vias aéreas e, com isso, a pessoa não consegue enviar a quantidade de oxigênio que os órgãos do corpo necessitam para funcionar adequadamente.
P: Como saber se a asma está controlada?
Dra. Silvia: Para saber se a asma está controlada é preciso observar os seus sinais e sintomas. Se a pessoa tiver apresentado, pelo menos uma vez nas últimas quatro semanas, alguma das seguintes situações, é possível que a doença não esteja sob controle:
- Sintomas durante o dia, mais de duas vezes por semana;
- Acordar durante a noite por causa da asma;
- Usar medicamentos para aliviar a falta de ar mais de duas vezes por semana;
- Limitação das atividades diárias em decorrência da asma.
Nesses casos, o paciente deve procurar o seu médico pneumologista para uma avaliação. Para prevenir as crises de asma que podem matar, é fundamental seguir o tratamento de forma correta e contínua, mantendo sempre o cuidado com o ambiente.
Foto destaque/Créditos: www.pneumocenter.com.br
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