Médico psiquiatra do HCC esclarece sobre os Transtornos de Personalidade e a Esquizofrenia
Em 10 de outubro comemora-se o Dia Mundial da Saúde Mental. Em alusão à data, o médico psiquiatra responsável pela Unidade de Saúde Mental do Hospital de Caridade de Carazinho, Dr. Marcus Dalsasso, esclarece, nesta publicação, sobre os Transtornos de Personalidade e a Esquizofrenia.
Em 10 de outubro comemora-se o Dia Mundial da Saúde Mental. A data, instituída em 1992 pela Federação Mundial de Saúde Mental, visa intensificar a divulgação de informações sobre os transtornos mentais, alertando para a necessidade de combater preconceitos e o estigma que envolve essas doenças, além de estimular investimentos em prevenção e garantir o acesso ao tratamento às pessoas que dele necessitam.
Com esse objetivo, o médico psiquiatra responsável pela Unidade de Saúde Mental do Hospital de Caridade de Carazinho, Dr. Marcus Dalsasso, esclarece, nesta publicação, sobre os Transtornos de Personalidade e a Esquizofrenia.
TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE
Segundo o psiquiatra, os Transtornos de Personalidade consistem em pensamentos e comportamentos distorcidos que a pessoa apresenta ao lidar com a realidade, sentir as coisas e se comportar diante dos outros. “Sem tratamento, que envolve psicoterapia e medicamentos, o problema costuma durar por toda a vida e causa sofrimento e dificuldade nos relacionamentos pessoais e em outras áreas”, destaca.
Ele explica, ainda, que esses transtornos são classificados em categorias, que possuem características comuns. “Embora seja comum reconhecer traços de si mesmo em diferentes transtornos de personalidade, quem realmente possui a doença tem a maior parte das características de um único transtorno específico”, afirma.
De acordo com o médico, os Transtornos de Personalidade são classificados em:
- Transtornos excêntricos ou estranhos:
- Transtorno de personalidade paranoide - pessoas com esse transtorno tendem a desconfiar dos outros e achar que vão ser enganadas. Por causa disso, elas podem ser hostis ou emocionalmente desapegadas. Ex. Alguém quer me ajudar, mas eu já penso que ela quer tirar proveito de mim.
- Transtorno de personalidade esquizoide - provoca falta de interesse em relações sociais. Quem tem o problema é indiferente às interações sociais. Ex. Gosto de trabalhar isolado e tenho só um amigo virtual e não sinto necessidade de interagir.
- Transtorno de personalidade esquizotípica - pode levar a um comportamento excêntrico, pensamentos e crenças incomuns ou bizarras, sentimento de desconforto em ambientes sociais e dificuldade para ter relacionamentos íntimos. Ex. Sinto que tenho mediunidade e posso prever as coisas.
- Transtornos dramáticos, imprevisíveis ou irregulares:
- Transtorno de personalidade antissocial – quem tem o transtorno não reconhece os sentimentos e necessidades dos outros. Não se arrepende de fazer outros sofrerem, sempre engana pra tirar proveito. Também pode repetidamente mentir, agredir, roubar e ter comportamentos ilegais. Ex. Psicopatas.
- Transtorno de personalidade histriônica - pessoas com este transtorno são altamente emotivas e dramáticas, têm uma necessidade excessiva de atenção e aprovação e podem usar a aparência física para consegui-la. Ex. Mulher sedutora que tira proveito e tem que se sentir o centro das atenções. Caso contrário faz um drama, chora e culpa você.
- Transtorno de personalidade borderline - as características principais incluem o medo do abandono, relacionamentos intensos e instáveis, explosões emocionais extremas de raiva ou ódio, comportamento autodestrutivo e sentimento crônico de vazio. Tem baixa tolerância às mínimas frustrações e frequentemente se automutila. Toma remédios em excesso quando algo a frustra. Se você está perto ela briga e se está longe ela o acusa de tê-la abandonado.
- Transtorno de personalidade narcisista - são as pessoas com autoestima inflada e necessidade de admiração. Elas costumam ter pouca empatia ou preocupação com os outros e têm fantasias de sucesso, poder ou beleza. Sentem-se o melhor do mundo, necessitam de elogios, são metidos e antipáticos.
- Transtornos ansiosos ou receosos:
- Transtorno de personalidade esquiva - pessoas que evitam a interação social e são extremamente sensíveis aos julgamentos negativos dos outros; elas podem ser tímidas e isoladas socialmente e ter sentimentos de inadequação. Receio de apresentar trabalhos e falar em público. Sempre mais recatadas.
- Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva - são pessoas preocupadas com regras e ordem e que valorizam o trabalho acima de outros aspectos da vida; são perfeccionistas e têm uma necessidade de estar no controle. São pessoas rígidas que sempre seguem modelos, não permitem flexibilidade e não toleram erros dos outros. Julgam tudo, sofrem quando algo não ocorre como esperavam e são metódicos.
- Transtorno de personalidade dependente - causa necessidade de ser cuidado e medo de estar sozinho, além de dificuldade de separar-se de seus entes queridos ou tomar decisões por conta própria. Quem tem o problema pode ser submisso e tolerar relações abusivas. Até gosta quando é sufocado pelo parceiro e não segue sua vida independente o que dificulta que tenha sucesso sozinho ou longe.
ESQUIZOFRENIA
A Esquizofrenia é um transtorno mental que, de acordo com o médico psiquiatra responsável pela Unidade de Saúde Mental do HCC, Dr. Marcus Dalsasso, pode apresentar diferentes sintomas, classificados como:
- Iniciais:
Aparecem meses ou anos antes de um primeiro surto. Eles não são específicos da doença e não permitem um diagnóstico precoce do transtorno. Pode ocorrer comportamento hiperativo, desatenção e dificuldades de memória e aprendizado, sintomas de ansiedade, desânimo, desinteresse generalizado e humor depressivo. Em alguns casos ocorre interesse demasiado por temas exóticos, místicos, religiosos, astronômicos ou filosóficos, que passam a dominar o cotidiano da pessoa. Dúvidas acerca da sua existência, explicações filosóficas sobre coisas simples da vida e uma necessidade permanente de buscar significados podem deixar a pessoa mais introspectiva e isolada socialmente. É comum haver, também, dificuldade ou descontinuidade de atividades regulares, como escola, cursos, trabalho, esporte ou lazer.
- Positivos:
Estão relacionados diretamente ao surto psicótico. Entende-se por surto psicótico um estado mental agudo caracterizado por grave desorganização psíquica e fenômenos delirantes e/ou alucinatórios, com perda do juízo crítico da realidade. A capacidade de perder a noção do que é real e do que é fantasia - criação da mente da própria pessoa -, é um aspecto muito presente nos quadros agudos da esquizofrenia.
- Negativos:
Estão mais relacionados à fase crônica da esquizofrenia, embora possam ocorrer na fase aguda. Esses sintomas são chamados também de deficitários, como referência à deficiência de algumas funções mentais, como a vontade (disposição) e a afetividade, afetando nas atividades produtivas, como trabalho e estudos, e sociais - contribuindo para maior isolamento.
- De Cognição:
A cognição pode estar comprometida na esquizofrenia de diversas formas. As mais comuns são a falta de atenção e concentração e o prejuízo da memória. Essas alterações podem ocorrer antes mesmo do primeiro surto e piorar nos primeiros anos do transtorno.
- Neurológicos:
Os pacientes com início mais precoce e/ou formas mais graves da esquizofrenia podem apresentar sinais neurológicos, como tiques faciais, prejuízo dos movimentos mais finos – tornando-os mais desajeitados ou estabanados -, trejeitos e movimentos mais bruscos e descoordenados, aumento da frequência de piscar os olhos e desorientação direita/esquerda.
Segundo o médico, ainda, a esquizofrenia pode ser classificada em diferentes tipos, de acordo os principais sintomas que a pessoa apresenta. O tratamento, geralmente, é necessário por toda a vida e envolve uma combinação de medicamentos, psicoterapia e serviços de cuidados especializados. “É importante destacar que muitos pacientes levam uma vida normal e o tratamento ideal é aquele que começa bem precocemente, evitando, inclusive, o primeiro surto da doença”, salienta.
Por isso, é essencial que a família, ao notar algum desses sintomas em pessoas de seu núcleo, procure atendimento especializado, para que o diagnóstico ocorra de forma precoce e o tratamento se desenvolva da melhor maneira. “A população deve buscar assistência na Rede de Saúde Mental do município, por meio do Centro de Assistência Psicossocial – CAPS, ou, até mesmo, nas unidades de saúde de seus bairros, que farão o correto encaminhamento”, explica o psiquiatra.
Do mesmo modo, é importante que os familiares compreendam e apoiem o paciente, demonstrando afetividade, participando do tratamento, observando sintomas e inserindo-o no meio social.
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