A Unidade Psicossocial do Hospital de Caridade de Carazinho é direcionada ao tratamento de transtornos psiquiátricos e à desintoxicação da dependência de álcool e outras drogas. Os pacientes internados no setor são assistidos por uma equipe multiprofissional, formada por psiquiatras, neurologistas, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiras e técnicos de enfermagem.

Além disso, participam de atividades artísticas, de lazer e descontração, proporcionadas pela a oficineira Ingriede de Campos. “Todos os pacientes são convidados a participar e produzir conosco. Às vezes, no início, eles ficam um pouco envergonhados. Mas, assim que começam a participar, passam a gostar das atividades e se dedicar na sua realização. É surpreendente!”, afirma a profissional.

Produzidas a partir de materiais reciclados, as artes são utilizadas na decoração da unidade, e, também, ofertadas como presentes aos familiares. “Com os trabalhos manuais produzidos, os materiais recicláveis, como jeans, recortes, colagens, revistas e outras, são transformados em flores, cartões, cartazes e outros objetos pensados e desejados pelos pacientes”, comenta Ingriede.

Segundo a oficineira, o objetivo é reunir essas peças em uma exposição, em setembro, durante as atividades alusivas ao mês de prevenção ao suicídio. “Juntamente com o Seminário de Saúde Mental, que acontecerá no HCC, os pacientes poderão expor as suas artes. Temos motivado a todos, para que consigamos divulgar o seu trabalho e, também, mostrar a criatividade e a capacidade de cada um. Eles estão muito entusiasmados com isso!”, ressalta.

Responsável pelas dinâmicas há sete anos, Ingriede conta que a arte proporciona, ainda, um momento de integração e de superação dos preconceitos. “Além de todos os demais benefícios, essas atividades poderão ser realizadas por eles depois da alta. Para mim, é uma satisfação desenvolver esse trabalho. Sempre quis fazer algo que pudesse ajudar as pessoas e também pôr em prática a minha formação, e aqui eu consigo”, enfatiza.

Além do diagnóstico

Desenvolvido pelo serviço de Psicologia, os pacientes também participam de grupos de arteterapia. Responsável pelas atividades, o psicólogo clínico do HCC, Marcelo Graciano, explica a importância de desenvolver atividades como essas. “Sejam elas com sucatas ou outros materiais, essas artes reproduzem os sentimentos de cada um dos pacientes. É um momento onde eles conseguem se expressar, mostrar o que eles estão passando, o que vivenciam diariamente”, destaca.

- Tudo que é novo causa estranhamento - lembra o psicólogo. “Mas, quando você explica, conversa, faz, eles vão gostando, e muito. Sou muito suspeito pra falar sobre isso, mas a arteterapia é uma atividade incrível. Através dela, conseguimos trabalhar com os pacientes a questão do tratamento, falar sobre os objetivos. Não queremos que eles entreguem nada pronto, mas sim, que criem. Criar tem muito a ver com se desenvolver como pessoa. E nós estamos em constante desenvolvimento, assim como eles”, diz.

Ao falar do trabalho realizado pela oficineira, o psicólogo enaltece os benefícios desses momentos. “É a hora de lazer dos pacientes, e ver que eles gostam de desenvolver essas atividades é muito bonito. É um momento que eles têm pra pensar. É muito rico o que se consegue fazer com isso. Todos eles gostam de fazer esse trabalho com a Ingriede e sempre solicitam mais ações como essas”, ressalta.

Do mesmo modo, salienta vantagens que o profissional que exerce tais atividades agrega em sua vida. “É muito gratificante realizar esse trabalho com eles, porque vamos além do quadro clínico. Cada pessoa tem uma história que deve ser ouvida, deve ser compreendida, e acho que esse é o momento. Precisamos ver o paciente além do seu diagnóstico”, finaliza.