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No Dia Mundial da Saúde, psicólogo clínico do HCC fala sobre depressão

07/04/2017

Nesta sexta-feira (07), comemora-se o Dia Mundial da Saúde. Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu a depressão como o tema norteador da campanha. Para marcar a data, o Psicólogo Clínico do Hospital de Caridade de Carazinho, Marcelo Graciando, fala sobre a doença. Confira a entrevista.

Em 7 de abril, comemora-se o Dia Mundial da Saúde. Todos os anos, a data motiva a realização de ações informativas e de reflexão sobre diferentes assuntos que envolvem a saúde pública, em todo o mundo.  Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu a depressão como o tema norteador da campanha.
Segundo dados da OMS, a depressão atinge, mundialmente, mais de 300 milhões de pessoas. No Brasil, estima-se que 5,8% da população sofre com a doença – um total de 11,5 milhões de casos. O índice é o maior da América Latina e o segundo maior das Américas, ficando atrás, apenas, dos Estados Unidos, onde 5,9% da população vive com o transtorno.
Os índices são alarmantes, porém, a entidade destaca que a depressão pode ser prevenida, tratada e que o primeiro passo é conversar sobre ela. Por isso, o lema da campanha deste Dia Mundial da Saúde é “Depressão: vamos conversar”.
Considerando a importância do tema, o Psicólogo Clínico do Hospital de Caridade de Carazinho, Marcelo Graciando, fala sobre a doença. Confira a entrevista:
P: O que é a depressão?
R: Para que possamos falar de depressão, primeiramente devemos entender a diferença entre uma pessoa com diagnóstico clínico de sintomas depressivos e uma pessoa triste.  
A tristeza é um sentimento humano bastante doloroso que todos nós tivemos ou teremos contato em algum momento de nossas vidas. Ou seja, esse sentimento é uma resposta que damos às situações de perdas, como a perda de alguém querido por nós, ou quando passamos por alguma decepção, como derrotas, mágoas e frustrações. É um sentimento que faz o sujeito sentir-se triste por algumas horas ou até mesmo dois a três dias.
Já a depressão é um transtorno afetivo, que é assinalado por alterações psíquicas e orgânicas, e acompanhado de alterações cognitivas (alterações memória e concentração) e somáticas. Por isso, ela afeta de maneira significativa o funcionamento desses indivíduos, modificando a maneira como eles valorizam a realidade e a vida.
P: Quais são os sintomas da depressão?
R: Sujeitos com diagnóstico de depressão podem manifestar humor deprimido na maior parte do dia, sentimento de desvalia, culpa, vazio, e tristeza duradoura e profunda. Também, podem apresentar acentuada diminuição do interesse ou do prazer em realizar algumas ou todas as atividades do seu dia a dia, retraimento social, pensamentos e intenção de morte com planos de suicídio, fracasso, além de alterações nas funções vitais, como o sono e fome.
Outro sintoma é o prejuízo no processamento cognitivo, ou seja, a atenção fica diminuída ou rebaixada, e a memória passa a ter a capacidade de evocar eventos negativos, de modo que até mesmo as situações positivas/neutras poderão ser interpretadas como negativas, sem que o sujeito perceba esse processo.
P: O que pode ocasionar a depressão e como é realizado o diagnóstico da doença?
R: Diversos fatores biológicos, psicológicos e sociais podem desencadear a depressão. Antes de começar com o tratamento, deve-se realizar uma investigação rigorosa da origem e da causa da doença. Após a realização dessa investigação, que deve ser realizada por profissionais psicólogos ou psiquiatras, poderá se fazer o planejamento terapêutico do sujeito. Em minha perspectiva, o trabalho dos profissionais da psicologia e psiquiatria devem andar juntos, ou seja, deve haver a combinação medicamentosa e psicoterapêutica. A psicoterapia, por exemplo, ajuda o paciente a realizar o enfrentamento de suas crenças centrais, bem como dos pensamentos negativos automáticos.
P: Existe um perfil de pessoas em que a doença é mais frequente?
R: A depressão afeta todas as idades e esferas sociais. Porém, é bastante comum em adolescentes, adultos jovens, mulheres (e pós-parto) e idosos com idade igual ou superior a 60 anos. Nos casos mais graves, ela pode levar ao suicídio, que atualmente é a segunda principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade.
P: Como os familiares podem identificar a doença e ajudar a pessoa com depressão?
R: A família tem um papel importante no diagnóstico, pois, pode identificar alguns traços do transtorno antes que os profissionais da saúde. Na identificação da depressão, é importante que os familiares possam buscar um entendimento maior sobre a doença, para que, assim, consigam ajudar o sujeito adoecido. Quando não acontece esse entendimento, por vezes, as pessoas próximas acabam adoecendo junto com o paciente, causando uma desordem no núcleo familiar.
P: Qual a importância de falar sobre assunto, no Dia Mundial da Saúde?
R: Não é de hoje que a depressão gera certo preconceito, pois, ela não é uma doença física e aparente que, na percepção das pessoas, justificaria essa incapacidade. Por isso, muitos têm dificuldade de perceber e entender que se trata, realmente, de uma doença.
Falar sobre o assunto, portanto, é muito importante. Acredito que as unidades básicas de saúdes, as escolas, os grupos sociais, as empresas e entidades devem realizar conversas e ações para a quebra de estigma existente em relação à doença.
P: No ambiente hospitalar, como a doença é tratada?
R: No ambiente hospitalar há índices de pessoas com esse diagnóstico, porém, devemos prestar atenção e ser rígidos antes de fechar qualquer diagnóstico clínico, pois, é preciso ter a consciência de que o ambiente contribui para alguns sentimentos deprimidos, como o próprio fato da pessoa estar internada, outras doenças, processos cirúrgicos, entre outros fatores.


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