Médica dermatologista do HCC orienta sobre os cuidados com a pele no verão
Nesta publicação, a médica dermatologista do corpo clínico do HCC, Dra. Mônica Teresa Müller, dá dicas de como aproveitar verão, mantendo a pele saudável e bonita.
Durante o verão, as altas temperaturas e o tempo ampliado de exposição ao sol exigem cuidados redobrados quando o assunto é a saúde da pele. Nessa época, a radiação solar incide com mais intensidade sobre a Terra, aumentando o risco de queimaduras, envelhecimento precoce, câncer e outras doenças.
Para aproveitar a estação e manter a pele saudável e bonita, alguns cuidados são essenciais, como o uso frequente e correto do filtro solar. A fim de orientar sobre esse tema, portanto, o Hospital de Caridade de Carazinho apresenta, nesta publicação, uma entrevista com a médica dermatologista de seu corpo clínico, Mônica Teresa Müller. Confira:
P: Os cuidados com a pele devem ser redobrados no verão? Por quê?
Dra. Mônica: O sol é muito importante para metabolizar a Vitamina D e, ao se exporem a ele, algumas pessoas liberam um hormônio que melhora o humor, deixando-as mais felizes. Mas, sol em excesso também é prejudicial. No verão, a exposição solar é maior e alguns cuidados são necessários, como o uso do filtro solar e estar atento ao horário de exposição ao sol. Porque, o sol em demasia pode ocasionar queimaduras, envelhecimento precoce, manchas e câncer de pele.
P: Quais são os cuidados que as pessoas devem ter ao se exporem ao sol?
Dra. Mônica: Os cuidados são o uso de protetor, com FPS, no mínimo 30, com proteção para radiação UVA e UVB. Aplicar 20 - 30 minutos antes da exposição solar. Aplicar em todas as áreas expostas ao sol. Não esquecer das orelhas, pescoço e pés. Proteger os lábios com batom ou protetor labial também é importante, bem como, o uso de chapéu e óculos de sol. Se ficar exposto ao sol, reaplicar o filtro solar após duas horas de exposição. O horário adequado de exposição é até às 11 horas da manhã e após às 17 horas da tarde, no horário de verão.
P: Esses cuidados devem ser diários ou somente em idas à praia ou piscina?
Dra. Mônica: O correto é usar protetor solar diariamente. Aplicar no verão e no inverno também. Quem trabalha exposto deve usar roupas de proteção, chapéu. Os cuidados com a pele devem ser diários e esses cuidados retardam o surgimento de rugas, envelhecimento precoce e manchas.
Pacientes com pele clara, olhos azuis, cabelos louros ou ruivos devem ter cuidados maiores, pois queimam com mais facilidade e envelhecem mais precocemente.
P: As crianças necessitam de cuidados especiais?
Dra. Mônica: Sim. A pele das crianças é mais fina e necessita de maiores cuidados. Por isso, a recomendação é aplicar protetor solar infantil, no mínimo FPS 30. Aplicar mesmo que as crianças não estejam na praia ou piscina. O uso de roupas e chapéu é importante. Quanto mais cedo proteger as crianças, no futuro a incidência de câncer de pele diminui.
Os estudos mostram que até os 18 anos é a fase da vida que temos maior exposição solar. Nessa fase, também as queimaduras solares são mais frequentes. Crianças muito claras ou que tiveram queimaduras solares com bolhas são candidatos a terem câncer de pele na vida adulta. O melanoma que é o câncer mais grave é o tumor que pode acontecer nesses pacientes que tiveram queimadura na infância.
P: O uso de roupas adequadas também contribui para a proteção da pele?
Dra. Mônica: Sim. Hoje, as roupas também são outra maneira de proteção. No Brasil, hoje temos uma variedade de roupas com FPS 50, camisetas, chapéus, bonés, luvas. As roupas podem ser lavadas e o fabricante refere que as roupas não perdem a proteção. Infelizmente, são caras no Brasil.
Em crianças pequenas são uma boa opção para proteger na praia e na piscina.
Roupas com trama fechada, como poliéster, são uma boa opção para quem trabalha exposto ao sol. Chapéu com abas largas também são importantes. Protegem as orelhas e o pescoço.
P: De que forma a alimentação e o consumo de água contribuem para a saúde da pele?
Dra. Mônica: Alguns estudos mostram que frutas vermelhas (morango, mirtilo, framboesa, cereja, amora) diminuem o estresse oxidático e melhoram o envelhecimento. O consumo de cenoura, que tem betacaroteno, e laranja, com Vitamina C, também melhora esse estresse e retarda o envelhecimento. Uma alimentação saudável faz bem para a pele e para todo o organismo. Frutas e verduras, carne magra e grãos integrais só fazem bem. Estudos mostram que o doce é o vilão do envelhecimento, pois aumenta esse estresse oxidátivo. A água só faz bem, tomar dois litros por dia mantém a pele viçosa e o equilíbrio do organismo.
P: Quais são as principais doenças de pele ocasionadas pela exposição ao sol?
Dra. Mônica: No verão, algumas doenças são mais frequentes. As micoses, que são causadas pelos fungos, o impetigo causado por bactérias. Melasma, ceratose solar e manchas são comuns nessa época. E, também, doenças que são associadas à radiação solar, como erupção polimorfa a luz e urticária solar.
P: De que forma elas se manifestam?
Dra. Mônica: As micoses são lesões que iniciam com manchas avermelhadas e descamação e as lesões tem aumento de tamanho e coceira. Podem acontecer em qualquer lugar do corpo, cabelos e unhas. O calor e a umidade pioram as micoses de pele. A pitiríase versicolor, conhecida como micose de praia, causa pequenas manchas que variam de avermelhadas, acastanhadas, brancas no pescoço, membros superiores e nas costas. Geralmente, não causa coceira.
O Impetigo é causado por bactéria, muito contagioso, mais comum em crianças. Localiza-se na face e extremidades. A pele fica danificada e formam-se crostas, às vezes formam bolhas que rompem com facilidade. Após, crostas amareladas sobre as lesões. Pode ter febre.
Melasma são manchas acastanhadas que ocorrem na testa, no buço e bochechas. Pioram muito com o sol e o protetor solar é muito importante.
Algumas doenças causadas pelo sol surgem nessa época do ano. A Erupção polimorfa a luz, ocorre em áreas que ficam descobertas e são pápulas vermelhas. Os pacientes têm coceira.
As ceratoses solares são lesões que ocorrem em áreas expostas ao sol, são vermelhas e descamam. Pode evoluir para um câncer de pele.
P: Como é o diagnóstico e o tratamento dessas doenças?
Dra. Mônica: O diagnóstico é clínico. O dermatologista é o especialista treinado para fazer esses diagnósticos. Às vezes, são necessários alguns exames auxiliares, como exame micológico e cultura e biópsia em algumas doenças. No caso do melasma, o tratamento é clínico, com o uso de clareadores e protetor solar. Já na erupção polimorfa, às vezes, é necessário biópsia de pele e o tratamento é com medicamentos para evitar a absorção da radiação e protetor solar. No caso do impetigo, o tratamento é com antibióticos.
P: Elas podem evoluir para situações mais graves?
Dra. Mônica: Essas doenças se tratadas não são graves. O impetigo nas crianças deve ser tratado precocemente, para evitar alteração renal. As micoses em diabéticos e imunodeprimidos, se não tratados adequadamente, podem evoluir para casos mais extensos e, às vezes, mais graves. Quando as pessoas coçam muito também podem infectar e, por vezes, são necessários tratamentos mais prolongados ou medicamentos injetáveis e internação hospitalar.
O câncer de pele é o tumor mais comum no Brasil e no mundo. Quando diagnosticado precocemente o tratamento é cirúrgico. Infelizmente, o melanoma, que é o tumor maligno, está aumentando sua incidência e muitos morrem. Então, aquela manchinha que, às vezes, parece tão insignificante merece ser observada e analisada por um especialista. Protetor solar também é importante para prevenção. E é na infância q a prevenção deve começar.
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