HCC

Saúde na gestação: cuidados que vão além do pré-natal

09/09/2019

Médico coordenador da especialidade de ginecologia e obstetrícia do HCC, Jeser Savoldi fala sobre doenças com pouca incidência durante a gestação, mas que podem assustar as futuras mamães

Fundamental na prevenção e detecção de doenças materno-fetais, o acompanhamento pré-natal é também responsável pelo intercâmbio de conhecimentos e informações entre profissionais e pacientes. Realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas unidades básicas, essa assistência à gestante é também efetuada por meio de convênios e de modo particular em consultórios.

Durante esse período, um protocolo para rastreamento de enfermidades e condições que podem causar complicações é seguido. “Anemia e outras doenças sanguíneas, infecções do trato urinário, alterações na função da tireoide, diabetes gestacionais e doenças infecciosas, como HIV, sífilis e outras DSTs, são algumas das condições investigadas nesses exames”, explica o médico coordenador da especialidade de ginecologia e obstetrícia do Hospital de Caridade de Carazinho, Dr. Jeser Savoldi.

Entretanto, algumas doenças não fazem parte dessa lista por serem consideradas de baixa incidência. É o caso da toxoplasmose, enfermidade que pode ocasionar graves complicações para gestantes e pessoas com o sistema imunológico debilitado. “É uma doença que normalmente não produz sintomas e que pode ser transmitida pelo contato com as fezes de gatos ou pelo consumo de água e alimentos contaminados. Além disso, para diagnosticá-la é preciso que a paciente realize exames laboratoriais”, ressalta o obstetra.

- A toxoplasmose afeta o bebê, podendo provocar alterações de líquido amniótico, diminuição do crescimento do feto, alterações neurológicas e visuais, além de também poder ser causa de aborto – salienta o médico, que lembra, ainda, dos cuidados necessários com o pet durante a gestação, para que a doença não se prolifere. “Para que haja transmissão da doença pelas fezes do gato, o animal deve estar contaminado, o que normalmente ocorre com a ingestão de carne crua e contaminada. Depois de infectado, o gato elimina o toxoplasma pelas fezes, que pode contaminar o ambiente onde vive”, esclarece.

Evitar a ingestão de carne crua ou mal passada, além de vegetais in natura cuja procedência e higiene são desconhecidas, são algumas orientações para prevenir a doença. Outras medidas também são importantes, como: lavar as mãos com água e sabão depois de manusear tais alimentos e caprichar na higiene dos utensílios de cozinha utilizados no preparo; evitar contato com as fezes de gatos ou de outros felinos; usar luvas quando for mexer no jardim ou em vasos com terra; não permitir que as crianças brinquem em tanques de areia que permanecem ao ar livre, pois podem abrigar resíduos de fezes de animais infectados.

Vale ressaltar, ainda, que o convívio com gatos não aumenta, necessariamente, o risco de infecção, que é baixo. Mas vacinar o animal e mantê-lo sob os cuidados de um veterinário, assim como trocar as caixas de areia que utilizam diariamente e alimentá-lo somente com ração são ações que contribuem para a prevenção da infecção.

Doenças sexualmente transmissíveis

Outra doença elencada pelo médico obstetra é a Sífilis. Segundo ele, o número de ocorrências aumentou significativamente na região de Carazinho nos últimos anos, elevando, consequentemente, os casos congênitos da doença. “A transmissão dela acontece por via sexual. O diagnóstico e o tratamento são efetivos, porém, se não forem realizados em tempo hábil, as consequências para o feto podem ser graves, como aborto espontâneo, parto prematuro, má formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e morte ao nascer”, alerta.

Para prevenir a Sífilis, o uso de preservativo em todas as relações sexuais é indispensável. Ainda, mulheres que pretendem engravidar devem fazer exame para verificar se são portadoras da enfermidade, assegurando, assim, a saúde do feto.

Aedes aegypti

As gestantes possuem um risco maior de desenvolver a forma mais grave da dengue, que pode ocasionar o aborto ou um parto prematuro. Além disso, mulheres que adquirem chikungunya durante o período intraparto podem transmitir o vírus ao recém-nascido. Mas, a doença conta com raros relatos de abortamento, ao contrário da zika, que além de causar microcefalia em bebês, é motivo de mortes e manifestações neurológicas.

Deste modo, Dr. Jeser enfatiza a importância da prevenção contra as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti - dengue, zika e chikungunya. “A prevenção mais efetiva é evitar as áreas onde o mosquito é mais frequente, além de outros cuidados básicos, como não deixar água parada e utilizar com frequência o repelente de insetos”, afirma.


 


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