Novembro azul: saúde do homem em pauta
No mês marcado pelas campanhas de conscientização e combate ao câncer de próstata, o médico urologista do Corpo Clínico do HCC, Dr. André Lau, chama a atenção para a importância dos exames preventivos para o diagnóstico precoce da doença
“Movember”: a expressão em inglês que une as palavras moustache e november – na tradução, bigode e novembro, sucessivamente - é considerada a origem da campanha Novembro Azul, amplamente divulgada atualmente. A iniciativa começou em 2003, na Austrália, quando alguns homens decidiram deixar crescer o bigode (símbolo da campanha) durante todo o mês, com o intuito de chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças que atingem a população masculina.
A partir do mesmo ano, o movimento se transformou em uma fundação, que, hoje, está presente em 20 países, auxiliando na disseminação de informações relacionadas ao tema e na arrecadação de recursos para pesquisas e centros de atendimento especializados.
No Brasil, por sua vez, a campanha chega em 2008, com o nome de Novembro Azul. Além da conscientização a respeito do diagnóstico precoce do câncer de próstata e outras doenças comuns em homens, a iniciativa busca diminuir o preconceito que muitos têm com relação aos exames preventivos.
O médico urologista e integrante do Corpo Clínico do Hospital de Caridade de Carazinho, Dr. André Lau, ressalta, justamente, a importância de aliar o exame de toque retal ao exame de PSA (Prostate-Specific Antigens ou Antígenos Específicos da Próstata, em português) para a obtenção de um diagnóstico preciso e seguro.
Para ele, a descoberta do PSA, em 1994, contribuiu, sobremaneira, para a detecção precoce do câncer de próstata – que antes ocorria apenas pelo exame de toque retal. “Foi um evento marcante que mudou a concepção e a percepção das doenças prostáticas. O exame de toque, por vezes, falhava nos casos de câncer mais agressivo, que só eram identificados quando a metástase já estava presente ou quando se formava um nódulo. Então, naquela época, se conseguia identificar apenas 20% dos tumores curáveis. Quando se descobriu o PSA, milhares de homens foram diagnosticados com câncer de próstata em estágios mais iniciais”, explica o médico.
Do mesmo modo, segundo o urologista, existem casos em que os pacientes com o PSA normal apresentam alteração no exame de toque. “Assim, para obter um melhor resultado, é essencial que os exames sejam realizados em conjunto”, enfatiza.
Ele acrescenta, ainda, a importância de se estimular, desde a infância, o autoexame da bolsa escrotal, com o intuito de prevenir o câncer de testículo. “Os pais devem orientar seus filhos a acompanhar o desenvolvimento dos testículos, visando preservar a fertilidade, os hormônios, e, acima de tudo, garantir que não existam tumores no local. Um exemplo dessa importância é que, na nossa região, já tivemos quatro tumores malignos de testículos identificados em crianças”, afirma.
Da mesma forma, o médico orienta que o exame de mama também deve ser realizado pelos homens. “O câncer de mama em homens é bastante raro, mas, extremamente agressivo. Muitos acabam esquecendo desse risco, mas ele existe. Por isso, assim como a mulher, o homem deve realizar o autoexame regularmente”, ressalta.
Campanha diminui índices
Ao chegar no Brasil em 2008, a campanha Novembro Azul auxiliou na diminuição dos índices de mortalidade masculina devido ao câncer. “Após 1994, com a descoberta do PSA, ocorreu uma diminuição no número de mortes, mas, ainda assim, 25% dos homens em decorrência do câncer de próstata. Faltava a população masculina procurar assistência, procurar o sistema para buscar auxílio. Desde que o movimento Novembro Azul começou, esse índice de mortalidade diminuiu para 10%. O homem começou, a partir desse momento, a realizar os exames periodicamente, aumentando, assim, a chance de cura”, conta o urologista.
Intensificadas no mês de novembro, as ações de conscientização e prevenção à saúde masculina acontecem permanentemente durante o ano, comenta o médico. “Porém, o mês de novembro serve para lembrar os homens que, durante o ano, esqueceram de realizar os exames. O exame de próstata é recomendado para àqueles com mais de 50 anos de idade, entretanto, quem tiver a histórico familiar da doença, deve o realizar mais cedo, com 45 anos”, esclarece.
O exame de toque, que consiste na palpação da próstata pelo reto (porção final do intestino grosso), ainda é alvo de muito preconceito. Porém, para o profissional, essa discriminação diminuiu nos últimos anos. “São questões culturais que fazem existir mais ou menos preconceito sobre o exame. Hoje, eu encontro três ou quatro homens por ano que se recusam a fazer o exame de toque. Antes das campanhas, eram três ou quatro por mês. Assim, podemos exemplificar o quão eficazes são as ações que visam acabar com o preconceito existente na nossa sociedade”, salienta.
Ele enfatiza, ainda, que além dos exames preventivos, outras medidas podem auxiliar na prevenção à doença. “Uma alimentação saudável, composta por frutas e verduras, e a redução do consumo de embutidos, conservantes, corantes, álcool e nicotina são os principais fatores! Mas, o bem-estar emocional também é muito importante. É impressionante como a felicidade e a religiosidade auxiliam na prevenção”, destaca.
Dr. André comenta, também, que em Carazinho o número de óbitos devido a doença é menor que 10%, o que demonstra a qualidade da assistência e do tratamento ofertado aos pacientes. “Temos alguns grupos de riscos quando se trata de câncer de próstata, são eles os homens obesos e com histórico genético. No nosso município, temos baixos índices de mortalidade de câncer de próstata, se considerarmos o total de pacientes. Logo, a nossa região está bem, tendo uma boa estrutura de saúde e uma quebra de preconceitos cada vez maior”, conclui.
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